Mais de 400 debatem e protestam CONTRA O PROJETO do monotrilho

Na tarde de 22/03, mais de 400 paulistanos ocuparam o plenário da Câmara Municipal de São Paulo com o objetivo de debater sobre os impactos sociais, econômicos e ambientais do projeto de substituição do metrô pelo monotrilho em várias regiões de São Paulo.

auditorioO local marcado para a realização do seminário “Transporte público na cidade de São Paulo” era o auditório Prestes Maia da Câmara Municipal de São Paulo. Mas a superlotação daquele espaço, que tinha capacidade para 300 pessoas, fez com que a organização da atividade providenciasse a mudança do seminário para o plenário da Câmara.

Ali sim, todos puderam se acomodar e dar continuidade ao debate, que tornou-se um ato de protesto contra a ideia dos governos Serra e Kassab construírem monotrilho no lugar do metrô em várias regiões de São Paulo como, por exemplo, na interligação entre os bairros de Vila Prudente e Cidade Tiradentes.

Para o diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Manuel Xavier Lemos Filho, este fato representa uma vitória da população organizada, que deixou de estar paralela aos debates que envolvem, exclusivamente, o seu dia a dia, para fazer parte e protagonizar as discussões que lhes dizem respeito.

Participação técnica
A atividade contou com a participação do arquiteto e urbanista Marcos Bicalho, então superintendente da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), que tratou sobre alguns problemas do sistema de transporte público e apontou algumas soluções para amenizar os transtornos por eles causados.

Bicalho criticou a política de incentivo ao transporte individual, representada pelas obras viárias. Para ele, elas “acabam gerando mais demanda do que soluções”, já que “a cada dia mil novos carros são licenciados em São Paulo”.

Diante do caos vivido pelos cidadãos paulistanos, Bicalho apontou algumas sugestões para tentar mudar esta realidade, como investimento em estrutura de transporte público; expansão do metrô e de corredores para ônibus; integração entre governos; diminuição do preço das tarifas.

Sobre o monotrilho
O mestrando em planejamento de transporte público da Faculdade de Arquitetura da USP, Marcos Kyioto, apresentou dados técnicosplenario 2 sobre o projeto do monotrilho, embora os governos Serra e Kassab não tenham feito uma apresentação de como será o projeto a ser implementado na interlição entre Vila Prudente e Cidade Tiradentes.

Inclusive, este é um dos pontos mais criticados pela população, que em momento algum participou de audiências públicas ou de qualquer outra instância para discussão sobre este projeto que interferirá diretamente na vida dos cidadãos.

Com base em projetos de monotrilho existentes em outros países, portanto, Kyioto reafirmou que o monotrilho tem capacidade para transportar de 4 mil  a 25 mil pessoas por hora/sentido, sendo que metrô atende uma demanda de 20 mil a 60 mil pessoas.

Financeiramente, Kyioto esclareceu que o quilômetro do monotrilho custa entre R$ 70 milhões a R$ 130 milhões, sendo que o metrô pode custar R$ 380 milhões por quilômetro. No entanto, o metrô é um meio de transporte de alta capacidade, e que poderá pagar este custo em longo prazo, sempre atendendo a necessidade de a população se locomover com rapidez e segurança.

Vitrine eleitoral
plenarioCom uma intervenção inflamada, Wagner Fajardo, que é presidente da Federação Nacional dos Metroviários, e secretário geral do Sindicato dos Metroviários de SP e da União Internacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Transporte (UIS), destacou os aspectos políticos do projeto do monotrilho idealizado pelos governos Serra e Kassab.

Fajardo destacou a leviandade com quem os integrantes destes governos projetam e acabam com projetos que envolvem a vida dos cidadãos, já que o metrô sempre fez parte do plano de melhoria do transporte público para a região de Vila Prudente a Cidade Tiradentes.

Seguindo o raciocínio de que o monotrilho é um meio de transporte que não tem capacidade para atender a necessidade da população, Fajardo estimulou os participantes a refletirem a cerca de quais interesses estão sendo defendidos com a construção deste projeto, e conclamou a todos que estavam ali a prosseguirem pressionando, na luta para que o dinheiro público seja empregado de forma contribuir com a melhoria de vida dos cidadãos, e não de poucos interessados.

Realização e participações
O seminário também contou com a participação dos vereadores Jamil Murad (PCdoB), Netinho de Paula (PCdoB), Eliseu Gabriel (PSB), do deputado estadual Adriano Diogo (PT); do deputado federal Carlos Zarattini (PT).

O seminário é realizado com o apoio do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Sindicato dos Condutores de São Paulo, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/SP), Associação dos Mutuários, Moradores e Agregados em Conjuntos Habitacionais do Estado de São Paulo (AMASP), Associação dos Trabalhadores da Região de Itaquera e Adjacências (ATRIA), Associação Unificadora de Loteamentos, Favelas e Assentamentos de São Paulo, Movimento Ambiental Cultural Ecológico (MACE) e Comissão Permanente de Transporte da Cidade Tiradentes.