Contrato da Linha 4 impedia metroviários de fiscalizar

No dia 5 de janeiro, o Ministério Público Estadual ofereceu denúncia à Justiça contra 5 funcionários do Metrô e 8 do Consórcio Via Amarela, por negligência e imprudência na condução da obra da futura estação Pinheiros da Linha 4 – Amarela, que desabou em janeiro de 2007, causando a morte de 7 pessoas e deixando mais de 200 desabrigados.

No entanto, é preciso ressaltar que em momento algum os metroviários tiveram autonomia para fiscalizar a obra, devido ao modelo de contrato adotado pelo governo Alckmin – o famoso "turn key", ou porteira fechada, que deu total autonomia e independência para o consórcio Via Amarela conduzir a obra.

O próprio secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, declarou publicamente que a Cia. optou por fiscalizar menos as obras, deixando esta responsabilidade a cargo do Consórcio Via Amarela.

O Sindicato dos Metroviários de SP sempre denunciou este contrato, manifestando sua preocupação com as graves consequências que poderiam atingir a população e trabalhadores, inclusive, realizando uma paralisação de 24 horas, no dia 15 de agosto de 2006.

Agora, diante da responsabilização de metroviários, o Sindicato manifesta sua discordância e preocupação com a conclusão da investigação da tragédia da Linha 4, reafirmando que a única responsabilidade é do governo Alckmin, que permitiu a execução de uma obra pública sem a fiscalização dos metroviários, que sempre participaram das obras do metrô e têm bagagem suficiente para conduzi-la de forma segura. Da mesma forma, os responsáveis pelo consórcio também são culpados, pois comprometeram a segurança da obra utilizando procedimentos inadequados, como constataram os laudos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Instituto de Criminalística (IC).

Responsabilizar trabalhadores que não tinham poder de decisão, seja do Metrô ou do Consórcio, é desrespeitar as vítimas da tragédia e seus familiares, pois os verdadeiros culpados continuarão livres para tomar decisões que ainda prejudicarão e matarão muita gente.

O Sindicado se solidariza com os metroviários indiciados, pois acredita na inocência deles, e se coloca à disposição dos trabalhadores da frente de obra que, diversas vezes, manifestaram sua preocupação quanto aos rumos das obras da Linha 4 – Amarela e, apesar das diversas denúncias do Sindicato, não conseguiram evitar a tragédia.