Tese sobre Organização de Base – A enorme solidariedade de classe dos metroviários de SP: um exemplo a todos os trabalhadores

ORGANIZAÇÃO DE BASE

A enorme solidariedade de classe dos metroviários de SP: um exemplo a todos os trabalhadores
As vésperas da Copa do Mundo no Brasil, 9/6/2014, encerrava-se uma greve histórica realizada pelos metroviários em SP. Foram 5 dias de piquetes e assembleias onde a categoria paralisou grande parte dos transportes na maior cidade da América Latina mostrando sua enorme força na batalha por um transporte público e de qualidade a toda população.

De maneira antissindical, autoritária e arbitrária no intuito de encerrar a greve, o Metrô e Alckmin demitiram 40 metroviários por lutarem e exercerem seu direito de greve, deixando dezenas de famílias sem seu sustento da noite para o dia.

Mas a patronal e o governo não contavam com uma grande arma dos trabalhadores, da qual os metroviários entendem muito bem: a solidariedade de classe. Em defesa daqueles que lutaram e foram demitidos injustamente pelo Metrô, os metroviários decidiram em assembleia o aumento da contribuição sindical para pagar os salários de todos os demitidos da greve (aumento de 1,3% para 1,9% da contribuição sindical – que posteriormente será devolvido ao término do processo conforme categoria deliberar), mostrando uma enorme solidariedade com os trabalhadores em luta e pouco vista nas demais categorias no Brasil e no mundo. Esta ação em defesa dos demitidos é um fortalecimento da categoria metroviária e um exemplo de classe ao mundo inteiro.

Se por um lado a empresa e o governo “ganharam” com o término da greve, demitindo os trabalhadores, os metroviários responderam a altura por todos estes anos, mostrando uma grande e forte união e solidariedade perante os seus demitidos políticos. E isso é algo que impacta não só os demitidos, mas também toda a categoria. A contribuição aos demitidos se trata de um debate político, afinal se trata de um gesto de solidariedade que não impacta as finanças do Sindicato.

Retroceder na contribuição seria também um retrocesso na própria categoria, que acabaria por naturalizar as demissões e assim enfraqueceria os metroviários nas suas próximas lutas. Não há dinheiro que possa contribuir mais para a luta do que a moral dos trabalhadores que estão por trás dela. Outro argumento que não concordamos é que possa existir uma relação de privilégio dos demitidos na greve de 2014, com os atuais demitidos por baixa de produtividade. Esse tipo de argumento transforma os demitidos como um bode expiatório, e nada mais é do que uma desculpa utilizada pelos atuais setores da diretoria que estão contra a lutar concretamente pela reversão de todas as demissões com a centralidade que deveria ter.

Esta demonstração de solidariedade aos demitidos políticos segue fortalecendo a luta contra a privatização, e fortalecendo a resistência dos metroviários contra os ataques do governo.

Proposta:
– Manter a ajuda de custo nos termos atuais aos demitidos políticos, abrindo anualmente ou conforme qualquer novidade do processo jurídico em curso, avaliação para ser decidida e deliberada em assembleia.

Assinam: Guarnieri (OTM2- JAT, cipista L1 e diretor da FENAMETRO); Andressa Alves (OTM2-JAT); Camila Moraes (OTM1-BTO) e André “Bof”(OTM1-LUZ e demitido 2018).