Janot pede investigação de secretários de Alckmin

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encontrou indícios de envolvimento no cartel dos trens em São Paulo de José Aníbal (PSDB) e Rodrigo Garcia (DEM), ambos deputados federais licenciados e secretários do governo Geraldo Alckmin (PSDB). O chefe do Ministério Público pediu ao ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, que dê prosseguimento às investigações.


A decisão do STF sobre abertura ou não de inquérito é necessária porque os citados detém mandato parlamentar. Eles têm direito ao chamado foro privilegiado, mesmo estando licenciados do cargo.

“Há fortes indícios de existência do esquema de pagamento de propina pela Siemens a agentes públicos vinculados ao Metrô de São Paulo”, sustentou Janot no ofício enviado ao Supremo. “Há atribuição de situações concretas e específicas em relação ao deputado federal Rodrigo Garcia no depoimento do investigado colaborador. Os detalhes dados, assim como a menção a encontro pessoal entre ambos, autorizam, também, a colheita de maiores elementos contra esse parlamentar.”

O colaborador citado por Janot no ofício ao Supremo é o ex-executivo da Siemens Everton Reinheimer, autor da carta sem assinatura que serviu de base para as investigações sobre o cartel dos trens pelo Ministério Público e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O procurador-geral afirmou ao Supremo que “o colaborador apontou, ainda, indícios de envolvimento do deputado federal José Aníbal, na medida em que relata ter sido avisado que, com a saída de Rodrigo Garcia da presidência da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, deveria passar a tratar com o deputado José Aníbal, que passara a ser responsável pelos contatos políticos e pagamentos de propina”.

Aníbal é o atual secretário de Energia de Alckmin. Garcia é o titular da pasta de Desenvolvimento Econômico do governo paulista. Ambos devem deixar os respectivos cargos até o fim da semana, para poderem disputar as eleições.