“É preciso globalizar a luta”

José González Marin, mineiro espanholJosé González Marin trabalha na mineradora estatal Hunosa, nas Astúrias, uma Comunidade Autônoma e umas das províncias da Espanha. Ele tem 54 anos e é dirigente do Sindicato Independente CSI (Corriente Sindical de Izquierdas). No dia 20 de agosto ele participou de um debate no Sindicato dos Metroviários de São Paulo. As recentes mobilizações dos mineiros espanhóis e a busca da unidade entre os trabalhadores fizeram parte das discussões.

Nas últimas semanas, milhares de mineiros espanhóis entraram em greve contra a redução dos recursos para o setor do carvão. Para protestar contra o corte de 63% dos subsídios às minas espanholas, os trabalhadores do setor realizaram protestos, bloquearam estradas e ocuparam minas.

A mobilização dos mineiros culminou com uma marcha dos mineiros das regiões das Astúrias, Leão e Aragão, que percorreram cerca de 500 quilômetros até chegar em Madri, no dia 10 de julho, com a presença de quase cem mil trabalhadores. Essa ação ficou conhecida em todo o mundo como Marcha Negra.

A reivindicação central dos mineiros espanhóis, segundo Marin, é a nacionalização de toda a indústria de carvão da Espanha. “Nossa luta é pela nacionalização. Enquanto não existirem alternativas energéticas reais devemos continuar com o carvão. Um país sem reservas energéticas é um país desamparado. A Espanha não pode perder sua independência”, declara o mineiro.
 
Com relação à crise econômica europeia, Marin argumenta que ela não foi criada pelos trabalhadores. “A crise começou nos Estados Unidos, no sistema financeiro. Não foi gerada pelos trabalhadores. Mas os governos querem privatizar e aniquilar as conquistas dos trabalhadores”, ressalta o trabalhador espanhol.

“É preciso globalizar a luta. Nós, os trabalhadores, temos o mesmo inimigo, o grande capital internacional. Devemos construir a unidade dos trabalhadores. As multinacionais não se importam com nós. Elas se deslocam de acordo com os seus interesses, abandonando os trabalhadores”, continua.
 
Com relação às mortes dos mineiros sul-africanos (ao menos 36 trabalhadores foram assassinados), ocorridas no dia 16 de agosto, a mando da empresa Lonmim, Marin afirma que os capitalistas só se preocupam com o lucro. “O que vimos ali foi a demonstração concreta do que é o capital e que este não tem escrúpulos, tudo é feito em nome de sua lucratividade”, enfatiza.