Livro mostra como o Brasil perdeu com as privatizações

Livro: A Privataria TucanaO governo FHC (1995-2002) afirma ter arrecadado R$ 85,2 bilhões com a venda das empresas públicas. Mas o País pagou R$ 87,6 bilhões para as empresas que assumiram esse patrimônio público. É Isso mesmo que você acabou de ler. Gastou R$ 2,4 bilhões a mais do que alegou receber.

A conta, feita à época das privatizações pelo jornalista Aloysio Biondi, está no livro A Privataria Tucana, lançado na última sexta-feira (9 de dezembro), por Amaury Ribeiro Jr. (Editora Geração), e com a primeira edição de 15 mil exemplares esgotada.

O prejuízo que Biondi documentou veio do fato de que para vender as estatais, o governo absorveu as dívidas dessas empresas, promoveu milhares de demissões, emprestou dinheiro público por meio do BNDES aos compradores e ainda aceitou a utilização de “moedas podres”, ou seja, títulos do próprio governo que valiam metade de seu valor de face, como parte do pagamento.


O livro A Privataria Tucana é resultado de 12 anos de trabalho do jornalista Amaury Ribeiro Jr e apresenta documentos de lavagem de dinheiro e pagamento de propina, todos obtidos licitamente a partir de fontes públicas.Traz denúncias graves, inclusive a reprodução de mais de uma centena de páginas de documentos comprovando a movimentação financeira de vários tucanos e de seus parentes durante os oito anos do governo do PSDB de Fernando Henrique Cardoso, nos quais José Serra foi ministro duas vezes.

Além do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e  José Serra, há o “chefe da lavanderia do tucanato”, conforme define o autor, o ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira, apontado como “artesão” dos consórcios da privatização das telecomunicações no país.

A “costura” feita por Ricardo Sérgio envolvia o pagamento de propina dos empresários interessados em participar dos consórcios de privatização. O dinheiro dessas propinas era, então, “lavado” em operações que envolviam empresas “offshore” – criadas em paraísos fiscais.

Abrindo empresas desse tipo, para limpar o dinheiro sujo que saía do País, a família de José Serra deu uma mãozinha à “privataria tucana”, principalmente o genro e a filha, Verônica Serra. E, ainda de acordo com o apurado por Amaury Ribeiro Jr., todos eles enriqueceram muito após o processo de privatizações do final de década de 1990.