7º Encontro da Mulher Metroviária: sistema previdenciário, saúde e violência contra a mulher

No último dia do encontro o sistema previdenciário, saúde e violência contra a mulher foram os temas explorados, com a Dra Fátima Duarte – médica e membro da coordenação estadual da UBM; e Maria Amélia dos Santos – advogada e membro da Comissão de Direitos Humanos.

Ao falar sobre a saúde da mulher, a Dra Fátima Duarte emocionou a platéia, através dos relatos e indagações acerca do papel das mulheres na sociedade e de como elas têm enfrentado a violência presente em sua rotina. “A violência é democrática. O violador está presente em todos os ambientes, profissões, partido político, em todas as classes sociais”.

Outro destaque da médica foi em questão a atenção dispensada á mulher no Sistema de Saúde. “O médico não ouve a mulher, os problemas que as afligem. Se uma mulher sofre os sintomas de um ataque cardíaco, eles não detectam até que seja tarde demais. Porque os sintomas são diferentes dos homens. Então a cada  três mulheres que sofrem um ataque cardíaco, duas falecem. Então, elas precisam de um atendimento diferenciado. E não uma consulta de três a cinco minutos, na qual o médico nem olha para a rosto da paciente”.

A especialista ressaltou que os indicadores de saúde devem ser usados, não para discriminar, mas sim, para mudar o cenário através da criação efetivação de políticas públicas e da discussão com a sociedade.

Com uma ampla vivencia no tema de violência, a advogada Amelinha, como é conhecida, frisou que o tema é amplo, mas que atualmente encontra a visibilidade através da luta coletiva do conjunto dos movimentos de mulheres.

“Nos anos 70 os homens cometiam crimes e eram inocentados com a legação da defesa da honra. Hoje muita coisa mudou com a aprovação da lei Maria da penha. Mas ainda há muito que se mudar”, afirmou.

A debatedora relembrou casos atuais que pautaram telejornais sobre mulheres que foram assassinadas por seus maridos. “Elas deram diversas queixas contra eles, mas os delegados enquadraram os crimes na lei antiga. Aquela que determina a punição com o pagamento de cesta-básica. Pois ameaça, para os delegados, não se configurava em uma violência. Então não aplicaram a lei Maria da penha. E ameaça é sim um tipo de violência, a psicológica, aquela que deixa prejuízos para a vida toda, assim como a física”.

Ainda segundo Amelinha, muitas estratégias e ações devem ser traçadas com o objetivo de reverter esse cenário. “A violência se aprende. Você aprende a bater e a apanhar. Ela é construída socialmente. Precisamos começar a mudança dentro de nossas casas. Precisamos erradicar a violência contra a mulher, só assim teremos igualdade de direitos e paz”, alertou.

O fim do fator previdenciário foi o eixo central da palestra Renata Fiqueiras, técnica do Dieese (Departamento Intersindical de estudos Socioeconomicos), que fez uma apresentação sobre o sistema de seguridade brasileiro. Ela explicou de forma resumida o funcionamento do sistema previdenciário brasileiro.

Renata falou também sobre a situação da mulher no mercado de trabalho nas principais capitais brasileiras e o crescimento dessa inserção, porém com grande desvantagem em relação aos homens, segundo estudo realizado pelo Dieese.

Ao falar do fator previdenciário a técnica ressaltou a perda que ele representa para os trabalhadores e trabalhadoras e da importância da valorização do salário mínimo.  “Agora o que está em jogo é como o movimento sindical vai trabalhar isso, pois ainda existe a possibilidade de veto presidencial”, alertou a técnica.

Ao final, a Dra. Léa Maria Arruda aplicou uma nova dinâmica, que promoveu um abraço coletivo entre as participantes que se confraternizaram e parabenizaram pela participação no encontro, considerado um sucesso por todas.

O encontro
O 7º Encontro da Mulher Metroviária aconteceu entre os dias 06 a 08 de maio, no Hotel Gran Rocca, em Atibaia – SP. P
romovido pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo, teve como principal objetivo debater temas que fazem parte do cotidiano da mulher trabalhadora, como as questões de gênero, saúde, aposentadoria e violência contra a mulher, assim como as dificuldades enfrentadas no ambiente de trabalho e na vida social.

O evento contou com participação de 46 metroviárias de diversas áreas do sistema, da administração, operação e manutenção, até as terceirizadas. 

Por Cinthia Ribas

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