Combatendo o preconceito! Pergunta e Resposta

O Plataforma nº 685, março de 2023, foi elaborado pela Secretaria de Assuntos da Mulher, pela Secretaria de Assuntos da Discriminação Racial e também pela Secretaria de Assuntos LGBTTs, Diversidade Sexual e Identidade de Gênero.

O objetivo desse Plataforma Extra é estabelecer um diálogo constante de conscientização coletiva sobre a pauta das três secretarias acima. É um instrumento de luta contra o machismo, o racismo e a LGBTfobia.

Foi colocada respostas sobre a perguntas dos assuntos em pauta destas secretarias e para as interessadas e interessados em obterem mais informações, leiam abaixo:

PERGUNTA: “Qual o significado da sigla LGBTTs? Por que ela sempre cresce? Como devo me referir?”

RESPOSTA: A sigla utilizada pela nossa Secretaria de Assuntos LGBTTs, Diversidade Sexual e Identidade de Gênero, escolhida pela categoria em Congresso, se refere a Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis.

Lésbicas: São pessoas que se identificam como mulheres que se atraem por outras pessoas que se identificam da mesma forma. Vem à frente da sigla para ressaltar a importância da luta de mulheres lésbicas para o movimento;

Gays: São pessoas que se identificam como homens que se atraem por outras pessoas que se identificam da mesma forma;

Bissexuais: São pessoas que se relacionam tanto com pessoas do mesmo gênero, quanto do gênero oposto ou ainda de outros gêneros. Antigamente, o termo representava uma sexualidade que se prendia ao binário de gênero (homem ou mulher), hoje está mais próxima da Pansexualidade – atração por pessoas independentemente do gênero (ver mais adiante);

Transexuais: É a primeira letra da sigla que não se refere a sexualidade, mas a gênero. Ao nascimento é atribuído um gênero aos indivíduos, aqueles que se identificam com o que lhe foi atribuído, são pessoas cisgênero, enquanto todas aquelas que não se identificam são transexuais. É um “termo-guarda-chuva” por incluir gêneros outros. Por não ser uma sexualidade, pessoas trans podem sem heterossexuais, homossexuais, bissexuais, assexuais ou outras.

Travestis: Travesti é uma identidade de gênero transexual, feminina ou não-binária, exclusivamente latino-americana, ou seja, ainda inclui um recorte de raça e etnia. É um termo aberto que também pode indicar um outro gênero que não os estabelecidos, um gênero trans feminino que foge ao que pessoas cis entendem como transexualidade padrão. Não tem nenhuma correlação com intervenção cirúrgica alguma. Sempre deve ser referenciada no feminino (“A” travesti), assim como nunca o termo “Traveco” que tem origem e permanência pejorativa.

Não existe uma sigla definitiva e completamente correta para se referir à comunidade. Novas sexualidades e identidades de gênero são reconhecidas e atualizadas periodicamente, por isso a importância em se manter a sigla em constante evolução e expansão. Normalmente a sigla “LGBT+” já é suficiente para a inclusão no discurso oral (falado), entretanto, a depender do objetivo do discurso, podem ser incluídas outras letras da sigla. Mais do que enxergamos e temos pré-concebido, é muito importante respeitar a autodeclaração individual. Na dúvida e com muito respeito, sempre podemos perguntar para pessoa “como ela se identifica e como gostaria que se referisse a ela”.

Sabia que gênero e sexualidade atuam como espectro? Para introduzir esse conceito, temos que começar estabelecendo alguns outros. O primeiro deles é o que chamamos de Sexo Biológico, é aquele atribuído ao nascer, dependendo de cromossomos e sistemas reprodutores individuais. Quando falamos sobre espectros, podemos pensar em uma seta dupla com dois extremos. Ainda se referindo a Sexo Biológico, nos extremos dessa seta estaria o que chamamos de macho/fêmea, masculino/feminino.

O quadrado em volta e, por conseguinte, o espaço pintado nele seria o que está fora do espectro. O que está pintado dentro do espectro de seta dupla seria tudo que não se encaixa nos extremos, mas que permanece dentro do espectro.

Intersexo: São pessoas que fogem dessa norma biológica do que se espera de corpos, ou seja, seria todo o espaço no meio dessa seta, ou ainda, fora dela. Pessoas que possuem atributos biológicos distintos dos esperados nos extremos da seta, desde uma questão puramente genética até atribuição física externalizada de fato. Antigamente eram chamadas de maneira pejorativa de “Hermafroditas”, termo que se refere a plantas e animais e está em completo desuso, uma vez que carrega estigmas que devem ser abolidos da linguagem. É a única parte da sigla que não se refere à identidade de gênero ou a sexualidade, mas a sexo biológico.

Agora que estabelecemos o que é sexo biológico, podemos entender as Identidades de Gênero. Nas teorias feministas, temos estabelecido que o gênero é construção social e coletiva, entretanto identidade de gênero se refere àquilo que um indivíduo tem como entendimento de si mesmo internamente diante da construção social de gênero. Não tem relação alguma com “Ideologia de gênero”, termo inventado por reacionários no Brasil em oposição a estudos de gêneros. Uma pessoa pode se identificar também dentro de um espectro de Identidade de Gênero:

Cisgênero: Uma pessoa cujo Sexo Biológico e Identidade de Gênero coincidem.

Transgênero: Pessoa cujo Sexo Biológico foi designado ao nascer mas se entende em um gênero diverso a esse. Ver “Transexual” mais adiante.

Aqui é importante apresentarmos outro espectro, o da Expressão de Gênero, aquele que se relaciona a como uma pessoa decide se expressar no mundo relacionado ao gênero. Quando falamos em construção de gênero, falamos também das expectativas socias de “menino veste azul e menina veste rosa”.

Ou seja, uma pessoa pode se identificar como um gênero e se expressar em outro completamente oposto, uma vez que identidade não possui relação direta com expressão/externalidade social. O que nos leva a outra definição importante a de Reconhecimento de Gênero: esse é o espectro de como a sociedade ou o mundo te enxerga, sendo muito semelhante ao da expressão de gênero, entretanto referente a visão social de outrem.

Transexual: Nesse ponto, você já deve ter se perguntado qual a diferença entre “Transexual” e “Transgênero”. Transgênero é uma questão de identidade, enquanto Transexualidade está relacionada a como a pessoa se coloca no mundo social e como o mundo te enxerga, é uma diferença mais subjetiva do que objetiva.

Não-Bináries: são pessoas transexuais e transgêneros, uma vez que não se identificam com seu sexo biológico, mas também não se entendem nos extremos dos espectros binários de gênero, não se expressando nem tendo seu reconhecimento de gênero ligados exatamente e completamente no masculino ou feminino, podendo ou não ter elementos andróginos. É um “termo guarda-chuva” por abarcar outros gêneros.

Androginia: é uma Expressão de Gênero que mescla elementos tidos como masculinos e femininos.

Queer: é uma palavra da língua inglesa que era utilizada, de maneira pejorativa, para se referir a pessoas tidas como “estranhas” a norma de gênero e homossexuais. Foi apropriada e empoderada na Teoria Queer como gênero Queer, para pessoas que se enxergam alheias aos gêneros pré-estabelecidos.

Agênero: são aquelas pessoas que não se identificam especificamente com um gênero existente, está dentro do guarda-chuva da não-binaridade por abolir completamente gêneros e tem carácter emancipatório de gênero, buscando se distanciar da ideia de construção de gênero social e individual.

As Sexualidades embarcam um conjunto de orientações sexuais. O termo “opção sexual” indica uma possibilidade de “escolha” e de possível reversão, por isso caiu em desuso e é rejeitado por pessoas LGBTQIAPN+. Também possuímos o espectro da sexualidade:

Pansexualidade: pessoas pansexuais entendem sua sexualidade fora do gênero, a atração sexual se dá por pessoas no geral, independente do seu gênero.
Assexualidade: É um termo guarda-chuva para pessoas que sentem pouca ou nenhuma atração sexual. As pessoas que sentem pouca, em sua maioria, estão vinculadas a outras características e necessidades individuais. “Assexuado” é um termo pejorativo por se relacionar a plantas e animais, não a indivíduos.

Demissexualidade: sexualidade que é parte da assexualidade, onde a atração sexual se dá por meio de pessoas com quem se tem conexão emocional. Nesse caso, o gênero pode ou não ser uma característica importante, ou seja, podem ter pessoas homo-demissexuais, pan-demissexuais ou ainda hétero-demisexuais. Nesse caso ocorre uma vinculação da atração romântica com a sexual.

Os últimos dois espectros são o da Atração Sexual e da Atração Romântica-emocional
Alossexualidade: é a atração sexual tida como norma, em oposição a assexualidade. Pode estar relacionada ou não ao gênero. Alossexuais são também homossexuais, heterossexuais, bissexuais e pansexuais.

Cinzassexualidade: do inglês “grey”, se refere a pessoas que possuem atração sexual fraca, quase nula, totalmente nula ou por pessoas específicas.

Atração romântica se refere a possibilidade da pessoa estar em um relacionamento ou estabelecer um tipo de relação tida como “romântica”/conexão emocional profunda. Uma pessoa arromântica, em oposição a românticas, não tem vontade ou necessidade dessa conexão com outras pessoas, ou apenas com pessoas específicas. Também pode estar relacionada a gênero ou não.
Essa distinção de atração é importante para também nos expressarmos e nos mostrar outras possibilidades de ser e nos relacionar, por exemplo, uma pessoa pode ser bissexual e hétero-romântica, ou todas as combinações possíveis. As atrações sexuais e românticas não precisam necessariamente andarem juntas.