Metrô aumenta receita com publicidade, mas SP continua sem transporte de qualidade

Em três anos, receita não tarifária do Metrô, que inclui exploração comercial das estações, subiu 44,8%. Em 2009, foram arrecadados R$ 119 milhões.

Equanto isso, a população é prejudicada pelas constantes falhas no sistema, e São Paulo continua sendo uma das maiores cidades do mundo que não é interligada pela rede metroferroviária! Continua sendo uma das megalópolis que a cada dia bate novos recordes de congestionamentos, acidentes de trânsito e de vítimas de doenças respiratórias e com outros problemas de saúde causados pela poluição! Uma vergonha!

Desde que a Lei Cidade Limpa foi implantada, em janeiro de 2007, o Metrô de São Paulo passou a ser um dos destinos preferidos para os anúncios que precisaram sair das ruas. De 2007 a 2009, a empresa estatal aumentou em 44,8% a arrecadação com publicidade e concessão comercial de lojas e shoppings. A receita com esse tipo de exploração passou de R$ 82,3 milhões em 2007 para R$ 119,2 milhões em 2009.  No mesmo período, a arrecadação com tarifa, mesmo com o aumento de passageiros transportados, teve um acréscimo  de 26%.

É só entrar em alguma estação da companhia para perceber que os publicitários encontraram um espaço criativo para divulgar desde bolacha recheada até celulares. "A partir do momento em que os espaços para anúncios foram inibidos, eles migraram para pontos alternativos", nota Luiz Fernando Garcia, diretor nacional do curso de comunicação social, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Para ele, o Metrô soube aproveitar bem a oportunidade, que não é nova. "Os velhos bondes de São Paulo já exploravam a propaganda em seus carros."

Segundo Garcia, o espaço é privilegiado para os anunciantes e consegue chamar a atenção do público alvo de vários segmentos. A estimativa é que três milhões de pessoas circulam todos os dias pelo Metrô. "Quando um pacote de bolacha é anunciado na catraca consegue remeter a uma questão de forma. Isso vai chamar a atenção do consumidor e criar uma simpatia com aquela marca."

O Metrô tem alguns limites para os anúncios. Publicidade de álcool e tabaco, por exemplo, não é permitida. Segundo a companhia, o valor total da receita que se arrecada com a mídia, por meio da locação de espaços, e com a cessão de áreas para shoppings entra no caixa geral da empresa para cobertura das despesas como a operação e a manutenção.

Segundo o diretor da ESPM, a empresa foi pioneira em ter  publicidade. "Nos anos 90, a Nestlé já envelopava o trem. Isso é um fenômeno mundial. Quase todos os metrôs do mundo exploram esse espaço", disse. E o uso comercial aproveita quase todos os espaços disponíveis. Além das catracas, há espaços para anúncios nas janelas, portas, pisos, painéis em escada, estações e banners.

O Metrô também recebe pela concessão das áreas para os shoppings que são construídos ao lado das estações. O próximo empreendimento desse porte será inaugurado no Terminal Tucuruvi, no primeiro semestre de 2012. A JHSF, responsável pela construção do centro comercial, pagará mensalmente R$ 111 mil ao Metrô pela concessão de 45 anos do terreno. O espaço terá cerca de 200 lojas.

Do Diário de S. Paulo de 28/10/2010, e redação