Metrô: expansão que atenda aos interesses da população

O Brasil vive uma fase bastante favorável: vai abrigar a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, e o pré-sal pode representar um salto importante de desenvolvimento.


*Wagner Fajardo

O Brasil vive uma fase bastante favorável: vai abrigar a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, e o pré-sal pode representar um salto importante de desenvolvimento.

Com o desafio de sediar dois eventos tão importantes no cenário mundial, a expansão do metrô para melhorar a locomoção da população e dos turistas tem sido bastante debatida.

No entanto, há que se questionar a forma de expansão que os governos federal e estaduais estão propondo, pois muitas destas propostas estão baseadas em sistemas que podem não atender a demanda necessária. Esse é o caso do monotrilho Cidade Tiradentes, que o Governo do Estado de São Paulo anuncia em substituição à continuidade da Linha 2 do metrô. Cabe alertar a denúncia de vários técnicos de que provavelmente essa linha não vai dar conta da demanda de usuários prevista para a região.

Não faltam, ainda, propostas que eliminam postos de trabalho e colocam em risco a segurança da população, como é o caso do trem sem operador que a concessionária privada da Linha 4 do metrô de São Paulo está anunciando. Medida divulgada pelo governo paulista para os sistemas de "monotrilho" que pretende implantar.

A privatização dos sistemas é outro ponto que merece atenção. Enquanto o Governo do Estado de São Paulo anuncia que todos os novos sistemas em concepção e construção (com exceção da Linha 4) serão operadas pela Cia. do Metrô, sem a concessão à iniciativa privada, o Governo Federal, através da Trensurb, vai na contramão e propõe a privatização da Linha 2 do metrô de Porto Alegre (RS).

Bons exemplos é o que menos se encontram nos metrôs operados por empresas privadas. No Rio de Janeiro, cidade que vai sediar as Olimpíadas, os sistemas sobre trilhos privatizados têm se mostrado caóticos. Não há compromisso da empresa com o que é publico e muito menos com o bem-estar da população. Recentemente, no sistema de trens urbanos operados pela SuperVia, empresa privatizada pelos tucanos em 1994, a paralisação de trens por problemas técnicos gerou revolta nos usuários que tiveram que descer em plena via e ficaram vários dias sem transporte, além de serem agredidos pela polícia.

Portanto, ao anunciar que pretende entregar a operação da Linha 2 do metrô gaúcho à iniciativa privada, o Governo Federal mantém a lógica neoliberal que tantos prejuízos trouxe ao Brasil e à classe trabalhadora.

A expansão que queremos, e que de fato precisamos, deve priorizar a ampliação do sistema metro-ferroviário, bem como a manutenção dos postos de trabalho dos metroviários. Deve ainda contar com a gestão de empresas estatais comprometidas com os interesses da população e dos trabalhadores. Não podemos mais ficar à mercê dos interesses daqueles que só se preocupam em aumentar seus lucros.

*Wagner Fajardo é secretário geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários) e diretor da CTB