Falta de planejamento: risco para usuários e metroviários

Em toda a história da operação do Metrô nunca houve tantas falhas de sistema como nos dias atuais. São inúmeras ocorrências que comprometem a qualidade do transporte metroviário, sendo elas de incêndio, problemas de energização indevida, descarrilamento de trens, entre outras.

Um dos acidentes que teve grande repercussão nos principais veículos de informação ocorreu no dia 2 de setembro de 2009. Houve curto-circuito em fusível de uma composição entre Liberdade e Sé, interrompendo a circulação dos trens por mais de duas horas, em pleno horário de pico.

Esta também foi a causa de um incêndio ocorrido em Jabaquara, no final de janeiro, porém, com pouca ou nenhuma repercussão.
Isto quer dizer que um dos fatores motivadores de acidentes graves no metrô (neste caso, o curto-circuito de fusível) ainda não foi solucionado pela empresa desde setembro do ano passado, colocando em risco a segurança dos trabalhadores e de milhares de usuários.

Quer dizer também que a empresa não colocou em prática todas as medidas propostas no pacote lançado no início de 2008, quando consecutivas falhas graves prejudicaram o transporte da população. Houve casos em que a circulação dos trens ficou interrompida por mais de cinco horas.

Fica a impressão de que este pacote foi lançado apenas fazer com que a população tenha a impressão de que o governo estadual está trabalhando para melhorar as suas condições; da mesma forma que fica a certeza de que o governo estadual não se planejou para atender a demanda operacional e de manutenção do sistema durante o processo de expansão da malha metroviária.

Quem vive o dia a dia das áreas do Metrô percebe que a retirada do subsídio do Estado para a Cia. provocou o aumento da vida útil dos equipamentos, corte de pessoal, mudança de procedimentos e terceirizações, levando à degradação do Metrô. Não será num passe de mágica que a expansão do sistema acontecerá sem tropeços e acidentes.

Até duas décadas atrás era inadmissível haver uma falha no sistema, e quando isso acontecia a sua solução era encontrada rapidamente. Com o passar do tempo, no entanto, o governo estadual não acompanhou o gigante aumento de demanda que invadiu o metrô de São Paulo.

Peças continuam desgastadas, sem reposição, e a falhas persistem no cotidiano dos usuários, que têm a sua segurança posta em risco, assim como acontece com os metroviários.

Pela “centésima” vez o Sindicato vem a público denunciar esta situação e cobrar que a empresa e governo do Estado tomem as providências necessárias para mudar esta realidade. Chega de fazer propagandas! É preciso efetivos investimentos no transporte público metroviário!

João Bosco Ribeiro é secretário de Assuntos Previdenciários do Sindicato