Teses do coletivo Chega de Sufoco

  • Conjuntura

Juntos somos mais fortes!

Unificar a categoria para a resistência e para virar o jogo!

1) #BolsonaroNuncaMais

Do último Congresso (março de 2018) para cá muita coisa aconteceu. Um presidente neofascista foi eleito no Brasil com um projeto autoritário, neoliberal, contra o povo trabalhador, misógino, racista e LGBTfóbico. Diversos projetos que atacam o conjunto da classe trabalhadora foram aprovados, com destaque para a reforma da Previdência e para os cortes na educação. Porém, sua face mais cruel foi demonstrada com a chegada de uma pandemia inédita, que abriu uma situação de verdadeira catástrofe nas condições sanitárias, econômicas e sociais do povo brasileiro. Mais de 600 mil mortos por Covid-19, desemprego, miséria e fome são parte da atual realidade dramática de todo o povo brasileiro.

Apesar de ter havido muitas lutas contra o governo Bolsonaro desde seu 1º dia, a verdade é que os índices de popularidade de Bolsonaro só começaram a cair quando ele revela sua face genocida, apostando nas mortes e na contaminação em massa para conduzir a pandemia do coronavirus. Foi genocídio. Desde “é uma gripezinha”, passando pela imitação infeliz de uma pessoa com falta de ar, chegando aos 600 mil mortos, o povo brasileiro teve que lutar para não morrer por causa do vírus ou de fome.

Em São Paulo não vimos um discurso negacionista, mas vimos uma prática irresponsável por parte do governo Doria, que não abriu mão de preservar o lucro dos empresários. As medidas de isolamento foram insuficientes e o tratamento dos trabalhadores dos serviços essenciais foi de extremo desrespeito. Sentimos isso na pele. Apesar de um discurso de oposição ao governo Bolsonaro, Doria e o PSDB ficaram extremamente alinhados ao genocida no ataque aos direitos dos trabalhadores.

Houve resistência. As manifestações unificadas pelo Fora Bolsonaro foram fundamentais para o enfraquecimento do governo genocida. E as lutas concretas dos trabalhadores, como as duas greves que realizamos durante a pandemia, foram determinantes para enxergarmos luz no fim do túnel. Apostar na resistência e na luta foram as melhores opções dos movimentos sociais e de nossa categoria neste momento tão duro e dramático.

A necessidade de parar o projeto de morte de Bolsonaro e derrotar o projeto antipovo de Doria ainda estão na ordem no dia. Não basta esperar as eleições do ano que vem pois até lá muitos ataques podem ocorrer. Precisamos seguir apostando nas mobilizações, guiados pela luta em defesa dos direitos.

Esta aposta não pode nos tirar, porém, do debate eleitoral. Precisamos acompanhar o movimento democrático, forte e real que vê na principal liderança da esquerda a forma de impedir mais 4 anos de autoritarismo, miséria, fome e ataques aos trabalhadores. Este movimento pede mudanças reais e profundas, que não podem permitir alianças com quem odeia o povo trabalhador, com quem demitiu metroviário grevista e massacrou o povo pobre do Pinheirinho. Por isso, para as eleições, defendemos uma frente de todos os partidos de esquerda com Lula à frente, sem alianças com golpistas, sem tucanos e sem centrão.

Assinam esta tese:
Coletivo Chega de Sufoco
Assinaturas individuais:
1) Camila Lisboa,
2) Sergio Carioca,
3) Dagnaldo Gonçalves,
4) Edgar Balestro,
5) Duarte,
6) Josiane Bezerra,
7) Thaysa Rosal,
8) Bernardo Lima,
9) André Cabelo,
10) André Araújo,
11) Paulo Carioca,
12) Willian Pitoco,
13) Raquel Amorim,
14) Luan Amorin,
15) Flávio Santos

 

  • Movimento Sindical

Aprofundar as relações do movimento sindical com os movimentos sociais

Nos últimos 30 anos o movimento sindical brasileiro perdeu força. Um dos fatores que explica isso é a ampliação das relações de trabalho precárias, que consolidaram postos de trabalho carentes de direitos econômicos, sociais e democráticos, impedindo ou dificultando a organização sindical. As privatizações e terceirizações têm como marca a precarização do trabalho.

Outro fator que explica a perda de força do sindicalismo é a própria estrutura de organização sindical no Brasil. A estrutura corporativa, atrelada e dependente do Estado, consolidou a existência de uma maioria de entidades distantes da realidade do conjunto dos trabalhadores. A tendência de enfraquecimento ganhou novos desafios a partir da aprovação da Reforma Trabalhista (em 2017 pelo governo Temer), pois por um lado permitiu maior precarização do trabalho e, por outro, desestruturou a grande maioria das entidades que dependiam do imposto sindical.

Apesar dessa tendência de enfraquecimento, é nítida a capacidade de mobilização que os sindicatos ainda têm. Em 2017 uma poderosa greve geral, encabeçada pelas entidades sindicais, conseguiu impedir, naquele momento, a aprovação da reforma da Previdência. Nossas lutas e greves também demonstram o poder de mobilização de nosso Sindicato, impondo derrotas às tentativas de destruição de nosso Acordo Coletivo.

Entretanto, há muitas batalhas que o movimento sindical em geral – e o nosso Sindicato em particular – vem perdendo em função da dificuldade de unificação de nossas lutas com o conjunto da classe trabalhadora. Por exemplo, entendemos ser impossível derrotar o processo de privatização do Metrô sem uma unidade com o conjunto dos movimentos sociais, sem uma mobilização que passa também por sensibilizar os usuários sobre as consequências da privatização.

Por isso, entendemos que o movimento sindical deve rever a estrutura corporativa do sindicalismo brasileiro, que tenciona para uma separação dos trabalhadores. Mais do que metroviários, somos parte da classe trabalhadora. Os temas políticos gerais interessam a toda a classe trabalhadora como classe, não apenas como categoria.
Neste sentido, a experiência que tivemos de luta em defesa da nossa sede, que contou com o apoio fundamental dos movimentos sociais, é uma experiência que precisamos aprofundar. Somos uma categoria que se relaciona com toda a população de SP. Precisamos agir de modo que nossa luta faça sentido para a população que transportamos, porque os usuários são parte da mesma classe trabalhadora a qual pertencemos.

Nós construímos a Frente Povo Sem Medo na perspectiva de unificar as relações do movimento sindical com todas as formas de luta dos trabalhadores: a luta sindical, por terra, moradia e contra as opressões. Propomos que nosso Sindicato avance nesse sentido, participando de espaços como o fórum das Centrais e se relacionando com movimentos como a Coalizão Negra por Direitos e demais articulações.

Assinatura Coletiva:
Coletivo Chega de Sufoco
Assinaturas individuais:
1) Ricardo Vala,
2) PC,
3) Alexandre GLG,
4) Bernard,
5) Baby,
6) Eduardo Alvarez,
7) Adelson Garcia
8) Petrauskas
9) Paulo Pasin
10) Wilson Clemente
11) Laércio
12) Agnaldo Batatinha
13) Athos
14) Estevan (professor)
15) Tiago Pereira CCO

 

  • Lutas da Categoria

Campanha permanente de Luta contra todas as formas de privatização

A privatização do Metrô é um processo que articula um conjunto de iniciativas políticas, econômicas, jurídicas e ideológicas. Os sucessivos governos do PSDB (Covas, Alckmin, Serra e Doria) adotaram as privatizações como prioridade dos seus mandatos. Existe um “script” dos processos de privatização que vem sendo vivido pelos trabalhadores e usuários do transporte sobre trilhos em São Paulo, pois os governos do PSDB vêm cumprindo a risca todas as etapas deste processo.

O “script” da privatização é: 1) apostar no sucateamento do serviço público, com o fim do subsídio estatal para o Metrô público; 2) fortalecer uma campanha política e ideológica de que as empresas estatais geram “custos desnecessários ao Estado”; 3) terceirizar e precarizar a oferta de etapas do serviço metroviário, como a venda eletrônica de bilhetes ou a manutenção precária do serviço, gerando mais acidentes, falhas, etc.; 4) atacar direitos dos trabalhadores da empresa estatal para que ela se torne atrativa para a privatização; 5) campanha política e ideológica contra o direito de greve, associando greve ao metrô estatal; 6) promover concessões que dão melhores condições para empresas privadas do serviço metroviário.

Considerando que a privatização é um processo, entendemos que a luta de resistência é cotidiana, permanente e deve se dar em todas as etapas do processo de privatização, não apenas nos momentos próximos aos leilões.

Além do ataque direto a seus trabalhadores, a privatização do Metrô é parte fundamental de uma política de privatização da mobilidade. É parte da estratégia de construção de um espaço urbano desigual, de uma cidade segregada, pois as ampliações do transporte sobre trilhos não são pensadas para favorecer os bairros periféricos, mas sim para atender a classe média alta de regiões mais nobres. O resultado disso é uma periferia isolada que não tem acesso ao centro. A privatização da mobilidade é a construção de um “muro invisível”. O exemplo do QR Code é gritante: ataca os trabalhadores de Estação, rebaixa a qualidade do serviço e a população mais pobre fica totalmente excluída.

Por isso, é necessário articular todos os movimentos sociais em uma grande campanha contra a privatização: o movimento dos sem teto e dos bairros pelo acesso ao metrô e pela tarifa social rumo à tarifa zero, o movimento feminista contra o assédio nos transportes, o movimento negro contra o racismo e o isolamento da periferia e dos movimentos ambientalistas contra o aquecimento global por mais metrôs e menos carros.

Compartilhamos algumas iniciativas que podem concretizar a campanha permanente contra a privatização: 1) Criar uma secretaria do Sindicato contra a privatização; 2) Participar do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas; 3) Articular um seminário com os movimentos sociais para fortalecer a campanha contra a privatização do Metrô e da mobilidade; 4) questionar no MP o fim das bilheterias e a imposição do QR Code.

Assinatura Coletiva:
Coletivo Chega de Sufoco
Assinaturas individuais:
1) Sergio Carioca,
2) Esmael PAT
3) Neto PAT
4) Duarte CCO
5) Dudu PIT
6) Paulinho da Pintura
7) Daniela Lima
8) Josiane Bezerra
9) Raquel Amorim
10) Thiago Pereira CCO
11) Rangel

 

Periculosidade: uma luta de todos

Os companheiros(as) da Pintura, Escada Rolante e CCO travam uma luta muito dura contra o ataque ao adicional de Periculosidade. Os adicionais, entre eles a Periculosidade, foram utilizados pela direção da Cia. como depreciadores salariais, reduzindo a pressão por aumento nas Campanhas Salariais.

Desta forma os adicionais passaram e ser orçamento cotidiano do trabalhador e sua retirada representa uma quebra irreparável no padrão do metroviário.

Por outro lado, a direção da Cia. procura nos dividir, atacando áreas isoladas, tentando criar a ilusão de que os “outros estão seguros pela NR10”. Mas, na verdade, o ataque à Periculosidade atinge a todos num processo de esvaziamento permanente das funções com direito ao adicional. O problema é que na estratégia da Cia., ao final, os poucos que sobrarem com Periculosidade serão terceirizados, por isso luta é de todos.

Resolução:
Campanha permanente contra o ataque à Periculosidade.

Assinatura Coletiva:
Coletivo Chega de Sufoco.
Assinaturas individuais:
16) Paulinho da Pintura,
17) Renato (Pintura),
18) Batatão (Pintura),
19) Baby (escada rolante)
20) Duarte CCO,
21) Tiago Pereira CCO,
22) Luciano CCO,
23) Cristina Ogata CCO,
24) Diego CIM,
25) Flávio Santos (Escada Rolante)
26) Dudu PIT
27) Eduardo Alvarez (Man linha),
28) Wilhan (Man Linhas),
29) Estevam (Man Linhas)

 

  • Transportes

Bilhete de serviço em todo sistema metroferroviário

Com o absurdo preço dos combustíveis, os(as) metroferroviários(as) estão usando o sistema para trabalhar. Porém, diferente do sistema ônibus, onde os trabalhadores têm acesso gratuito independente da empresa, no sistema metroferroviário, os funcionários arcam com essa despesa, além de ter o desconforto de perder horas nas filas.
O Congresso dos Metroviários decide travar uma luta unificada de todos os metroferroviários, em todos os âmbitos: político, jurídico e de ação direta para que todos os trabalhadores tenham acesso gratuito ao sistema.

Assinatura coletiva:
Coletivo Chega de Sufoco
Assinaturas individuais: Araújo, Petraukas,
Adelson Garcia

 

  • Tese sobre Opressões

A luta contra o machismo, o racismo e a LGBTfobia fortalece toda a classe trabalhadora

As lutas contra o machismo, o racismo e a LGBtfobia têm ganhado novos patamares em todo o mundo. Mulheres contra a violência e em defesa dos direitos reprodutivos, negros e negras indignados com a violência policial racista e a população LGBTQIA+ na luta pela vida, contra todo tipo de preconceito, têm ocupado as ruas, as redes e imposto novos padrões de abordagem desses temas.

Isso não acontece sem reação. O fortalecimento da extrema-direita no mundo inteiro, inclusive no Brasil, surgiu também como forma de uma reação conservadora ao aumento da indignação com essas formas de preconceito. Não é à toa o fato de as mulheres, negros e negras e a população LGBTQIA+ serem parte importante da resistência a esses governos, pois são os principais alvos da violência e do discurso misógino, racista e LGBTfóbico.

Essa luta não é uma luta externa à classe trabalhadora e à nossa categoria. Entre os metroviários existem diversas mulheres, negros e negras e pessoas LGBTs. O preconceito, discriminação, assédio moral e sexual dessas pessoas na categoria têm como principal alvo as práticas que atingem particularmente esses setores, mas que ao continuarem existindo promovem o rebaixamento de condições dignas para toda a categoria.

Nesse sentido, fortalecer a luta contra toda forma de preconceito é uma forma de fortalecer o conjunto da luta de nossa categoria e de toda a classe trabalhadora. Uma das formas de fortalecer essa luta é batalhar para que esses tipos de preconceito não existam entre nós, trabalhadores e trabalhadoras, que precisamos lutar todos os dias contra as injustiças da direção do Metrô, do governo do estado e desse sistema exploração.

A direção da Cia. tem feito uma propaganda externa de que se preocupa com diversidade. No dia 25 de julho, dia de luta das mulheres negras, expôs uma foto de Teresa Benghela na estação Sé. No entanto, é esta mesma empresa, que utiliza a luta contra os preconceitos como marketing, e que não pagou as empresas contratadas, ocasionando em demissões das trabalhadoras da limpeza, em sua maior parte são mulheres negras.

A mesma empresa que fala em diversidade para fora não é séria na condução de denúncias de assédio moral e sexual, desmontou o Grupo de Trabalho de Diversidade, não aceita a construção das subcomissões de mulheres nas CIPAs, não atende a reivindicação das mulheres pelas salas de ordenha e se recusa a rever suas orientações para os trabalhadores da Segurança, promovendo o racismo institucional.

No dia 27/11, o 11º Encontro de Mulheres metroviárias encaminhou importantes resoluções para o nosso Congresso, que ajudam no fortalecimento da luta contra o machismo e injustiças do Metrô com natureza discriminatória. Propomos que o Congresso acate todas as propostas apresentadas. Propomos também que o Sindicato promova debates sobre o racismo institucional, junto com entidades e organizações do movimento negro.

Assinatura Coletiva:
Coletivo Chega de Sufoco
Assinaturas individuais:
1) Josiane Bezerra
2) Camila Lisboa
3) Raquel Amorim
4) Luan Amorim
5) Thaysa Rosal
6) Wilson Clemente
7) Edgar Balestro
8) Cadol OTM 1 L3
9) Baby Pintura

 

  • Organização

Fortalecer, renovar e inovar a organização de base

As últimas Campanhas Salarias, em meio à pandemia e o processo de renovação geracional, imposto pelas contínuas demissões, nos impõem a necessidade de renovar e inovar nossa organização de base. Nenhuma fórmula burocrática resolverá os problemas do Sindicato se não houver renovação.

Durante a pandemia soubemos inovar e incorporar as novas tecnologias a nossa luta. As reuniões, setoriais e assembleias virtuais foram fundamentais. Esta tecnologia deve continuar, mas devemos ter claro que as formas de organização presenciais são muito mais efetivas para a formação da nova vanguarda do Sindicato, e que devemos, com os pés no chão e com segurança, sempre procurar organizar do chão das áreas de trabalho.

Valorizar as reivindicações dos(as) companheiros(as) mais novos de empresa, como a luta por equiparação salarial, organizando-os desde seu local de trabalho seja nas Comissões de Base ou em reuniões específicas, é decisivo pra que se sintam representados. Temos que falar para os novos metroviários que tudo que temos foi conquista da luta e que o mais importante é a organização coletiva concreta para luta.

Neste contexto a formação política sindical se faz mais importante e deve ser uma obrigatoriedade de cada gestão ter no mínimo um curso de formação.
Diante disso, propomos:
– Avançar na organização das Comissões de Base em todas as áreas;
– Lutar pela retomada das setoriais presenciais;
– Realizar assembleias híbridas, com realização da assembleia de forma presencial, transmitida on-line e com votação virtual;
– Realização de, pelo menos, um curso de formação sindical a cada gestão do Sindicato, com obrigatoriedade para os diretores e diretoras.

Assinam esta tese:
Assinatura Coletiva:
Coletivo Chega de Sufoco
Assinaturas individuais:
1) Sergio carioca
2) Joãozinho
3) Ricardo usinagem
4) Esmael
5) Neto
6) Bernardo Lima
7) Cabelo
8) Eduardo Alvarez
9) Wilian (Man. Linhas)
10) Thiago Pereira CCO
11) Rangel

 

  • Estatuto

Estrutura do Sindicato: que a base decida em plebiscito

Diante do questionamento de parte da categoria no sentido de mudar a atual concepção da direção do Sindicato, em que alguns defendem que a mesma seja em forma de presidencialismo sem proporcionalidade, outros que seja presidencialista com proporcionalidade, e outros defendem que se mantenha o colegiado proporcional, será realizado um plebiscito, precedido de uma ampla discussão na base para decidir a forma de organizar o Sindicato já para a próxima gestão.

Assinam:
Assinatura Coletiva:
Coletivo Chega de Sufoco
Assinaturas individuais:
1) Dagnaldo Gonçalves
2) Sergio carioca
3) Camila Lisboa