Teses em Grupo 8

  • Conjuntura e Opressões

Conjuntura, caos e a vida das mulheres

Na conjuntura de pandemia e caos que vivemos já a quase dois anos, as mulheres, a cada dia que passa, têm mais desafios, preocupações e sobrecargas no trabalho remunerado, no trabalho doméstico e de cuidados e para reinventar a vida para dar conta dos desafios e mudanças impostos. A ofensiva conservadora, heteronormativa, patriarcal, racista e misógina segue pregando o controle do corpo, da sexualidade e a retirada de direitos e da autonomia das mulheres, que aqui no Brasil é patrocinada com empolgação e dedicação diárias pelo governo golpista.

A política do desgoverno tucano que se instalou há décadas não é diferente, pois fecha os olhos para a violência contra as mulheres, para o racismo estrutural que nos assola e mata, criminaliza os movimentos sociais, não avança em políticas públicas de saúde e educação e cuidado onde, pelo contrário, existe um desmonte dos serviços públicos tão fundamentais para a garantia diária da sustentabilidade da vida, impactando principalmente na vida das mulheres e de maneira mais agressiva e desoladora na vida das mulheres negras e periféricas.

As metroviárias têm tido reflexos perversos e diferentes impactos em suas vidas, onde desde os momentos mais severos de pandemia até hoje a maioria das mulheres metroviárias e contratadas não tiveram a opção de se preservar do vírus e seguiram saindo de suas casas, trabalhando, somando à sobrecarga de trabalho acarretada pela higienização frequente, pelo pavor diário de ficar doente ou ter um ente querido adoentado, pelos trabalhos de cuidados acumulados com doentes e crianças em casa para se tratar, proteger do vírus e estudar, pelo aumento da violência doméstica que infelizmente já era presente antes da pandemia e que aumentou de forma lastimável com o convívio restrito de todos à casa e suas nuances de transtornos psicológicos e sociais.

Já para algumas outras metroviárias, os impactos foram relacionados à mudança do trabalho presencial para a forma remota onde, de repente, passaram a sobrepor os ambientes da casa ao ambiente de trabalho, misturado também ao ambiente de estudo dos filhos, de cuidados e aos desafios da tecnologia em um ambiente obrigatório para preservar o trabalho e a vida.

Enfim, nossa categoria, vista do ponto de vista das mulheres, é um excelente exemplo de como toda vez que existem mudanças na sociedade, principalmente quando as mudanças geram conflitos e perdas, são as mulheres que mais perdem, que mais têm que se reinventar para sobreviver e que mais sofrem e são penalizadas com a sobrecarga de trabalho para garantir, como de costume e na maioria das vezes sem apoio, a sustentabilidade da vida, em um mundo que precisa urgentemente repensar e redistribuir o trabalho doméstico e de cuidados, para o equilíbrio e bem viver da vida de todas, todos e todes.

As metroviárias sempre foram vanguarda eentre os movimentos sociais, na busca por direitos e melhores condições de vida para as mulheres e, com certeza, já vêm se reinventando e somando para o mundo que se apresenta e, como sempre, com muita crítica, luta e determinação.

Assinam esta tese:
01) Marlene Furino. 02) Ivânia. 03) Tania Machado Candia. 04) Rosa Anacleto. 05) Elaine Damásio. 06) Luciana Benute